terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Entre a sombra e a noite há um submisso instante
de preparação.
Aberto espaço onde as aves não cantam,
imaculado, instantâneo refúgio.
Entre a sombra e a noite, único passo!

- E é serena e frágil a presença
dos nossos vultos passageiros
isolados na própria condição.

Onde nada se move, uma estrela suspensa.

E tão inutilmente despedaço o encanto,
e tão súbita me vem uma tristeza antiga,
que entre a sombra e a noite encontro o meu refúgio
- o intocável, único espaço.

Maria Alberta Menéres
(Cântico de barro)