quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A tua mão – tua mão, nossas mãos –
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão ter passado.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dá-me a tua mão.

Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
- para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.

Dá-me a tua mão, companheira,
Até ao Abismo da Ternura Derradeira.

José Gomes Ferreira
(Mais outra canção para a Inventada)

Cosa Mentale

Com o maior orgão erógeno
(e a colaboração das restantes zonas)
fico aqui a imaginar-me
a despir-te,
botão a botão,
até seres só mãos
e braços
e corpo sobre a armadura,
gémea da minha,
praqui a perder-me
em exercícios esforçados de distância
emocional.