Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A tua mão – tua mão, nossas mãos –
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?
Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão ter passado.
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Cosa Mentale
Com o maior orgão erógeno
(e a colaboração das restantes zonas)
fico aqui a imaginar-me
a despir-te,
botão a botão,
até seres só mãos
e braços
e corpo sobre a armadura,
gémea da minha,
praqui a perder-me
em exercícios esforçados de distância
emocional.
(e a colaboração das restantes zonas)
fico aqui a imaginar-me
a despir-te,
botão a botão,
até seres só mãos
e braços
e corpo sobre a armadura,
gémea da minha,
praqui a perder-me
em exercícios esforçados de distância
emocional.
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